Monitorando com Headphones: Como Tirar Melhor Proveito
- Gabriel Viégas
- 21 de nov. de 2017
- 5 min de leitura
Monitorando com Headphones: Como Tirar Melhor Proveito por Gabriel Viégas

Seja para uma produção, gravação ou mixagem, é consenso entre muitos profissionais de áudio que usar falantes de estúdio para as tarefas é uma opção muito melhor do que usar headphones. Monitores de estúdio conseguem dar uma resposta de frequência mais plana, nos fazem escutar os sons misturados com a reverberação do ambiente nos revelando melhor a profundidade dos elementos de uma música e não nos enganam com decisões de panning extremas (onde é possível escutar ambos falantes em ambos ouvidos), o que acabam resultando em mixagens que traduzem melhor em vários tipos de falantes. No caso dos Headphones, até mesmo os modelos profissionais não vem com uma resposta de frequências plana, os lados esquerdo e direito são ouvidos de maneira isolada a cada respectivo ouvido, os sons são percebidos de maneira mais “na cara”, pois temos uma sensação de que há pouca reverberação na gravação ou mixagem o que pode nos induzir ao erro. Há também benefícios como conseguir escutar com mais precisão edições ruins do áudio, onde é possível verificar com mais facilidade falhas no som, crossfades não naturais e automações mal feitas. Vale lembrar que engenheiros de mixagem profissionais trabalham tanto com falantes e com fones, e que para uma mixagem traduzir bem ela deve soar bem tanto em falantes quanto fones. Porém nem sempre é possível usar falantes de estúdio, seja pelo horário e/ou não poder fazer barulho no espaço, não ter uma sala com uma acústica ideal, mobilidade, ou simplesmente por não possuir. Pensando nisso elaborei algumas dicas e truques para conseguir tirar melhor proveito na situação de usar apenas headphones para fazer o trabalho com áudio, confira abaixo. 1 - NÃO MONITORE COM VOLUMES MUITO ALTOS - Monitorar com volumes muito altos nos levam ao engano, pois cansam os ouvidos e nos dão percepção errada das coisas. Dessa maneira acabamos tomando decisões erradas, e podemos cometer erros de timbre, estrutura de ganho e volumes em uma mix, tomando decisões erradas de equalização e compressão. Tente trabalhar com um volume agradável ao ouvido e um segundo nível de volume ainda mais baixo com todos os elementos soando como se estivessem em segundo plano. Se a mixagem soar bem em volumes baixos as chances de soar bem em volumes mais altos são boas, mas o inverso não se aplica, ao contrário. 2 - USE MAIS DE UM FONE - Headphones não tem uma resposta plana e usualmente tem uma resposta de som colorida, então para verificar se o seu som está traduzindo bem, use mais de um fone para verificar os resultados, tente ver em vários tipos de fones profissionais ou não (como fones de celular tipo os Earpods que vem junto com o iPhone) se as mixagens traduzem bem. Os Fones tendem a enganar e fazer percepção de mais médios do que realmente há, resultando as vezes em mixagens que contém pouca informação de frequências médias. 3 - CONFIRA EM FALANTES - Tente ver depois em outra hora se seus resultados estão funcionando e traduzindo no máximo número de falantes possíveis. Procure escutar no som do carro, no som do radinho da cozinha, nos falantes do celular, falantes do laptop ou computador, TV, e assim vai. Se estiver soando bem em todos os tipos de falantes é um bom indicador que a mixagem está traduzindo bem. 4 - MIXE EM MONO - Uma dica que vale a pena ser desenvolvida em um próximo post, mixar em mono apesar de ser mais chato, “mono”, menos interessante e te dar uma sensação dos sons estarem todos misturados é uma ótima idéia para fazer mixagens que traduzam mais em falantes. Quando escutamos os sons em falantes estéreos, a maior parte do tempo estamos escutando os sons fora do sweet spot, ou seja estamos escutando as mixagens em mono. Os fones podem te enganar e te fazer achar que você não precisa de nenhuma equalização ou compressão apenas por tomar decisões de panning extremas colocando elementos apenas na esquerda ou direita. Sem contar que ouvimos um pouco dos dois lados (chamado crossfeed) quando escutamos em falantes estéreo. 5 - USE FONES APROPRIADOS PARA MIXAGEM - Dois dos modelos mais populares e recomendados para mixagem são o Sony MDR 7506 e o Audio Technica ATH-M50X pois tem uma resposta um pouco mais plana e tendem a traduzir bem mixagens. Se precisar de uma solução mais simples e mais barata para home-studio que caiba na carteira o Superlux HD681 pode ser ela. 6 - CALIBRE OS FONES - Fones não tem resposta de frequência plana que nem caixas monitoras de estúdio, porém, há softwares que corrigem a saída dos fones e os equalizam para você ter uma resposta de frequência totalmente plana para poder mixar e monitorar com confiança. O Sonarworks Reference é um deles que faz um ótimo trabalho trabalhando com vários modelos de fones, incluindo o Sony MDR 7506, Audio Technica ATH-M50X, e até mesmo o Superlux HD681! 7 - USE SIMULAÇÃO DE SALA E FALANTES - Há plugins que podem simular uma sala de mixagem profissional e plana para você escutar em seus headphones. O Waves NX é um deles que faz um ótimo trabalho, você escuta o som como estivesse realmente em uma sala ouvindo um pouco dos lados opostos em ambos ouvidos, te impede de ouvir o som tão na cara como se estivesse só com fones, mistura um pouco de som de sala e vai até além: com um dispositivo de movimento bluetooth da própria Waves que você prende no fone, ou usando uma webcam frontal do seu computador, o plugin lê seus movimentos e muda a imagem estéreo do som conforme você vai mexendo sua cabeça te fazendo realmente sentir em uma sala com falantes posicionados enquanto escuta o som. O NX da Waves ainda pode te calibrar alguns modelos de fones como o Sony MDR 7506 e Audio Technica ATHM50X, te fazendo não precisar de software de calibração como o Reference. 8 - USE REFERÊNCIAS! - Por último, mas não menos importante, já falei em outras postagens sobre isso, mas vale a pena bater nessa tecla: Use Referências. Faixas referências são exemplos de mixagens que estão funcionando e traduzindo tanto em fones quanto falantes então seguir elas para ter noções de timbre, estrutura de ganho, equalização, compressão, efeitos e reverb é possivelmente a fonte mais segura pra você ver se está no caminho certo sempre. Fontes: Sound On Sound, Waves, Sonarworks, The Recording Revolution Espero que tenham curtido, como sempre fica o convite para curtir minha página Gabriel Viégas Audio. Feedback, dúvidas, sugestões e críticas são bem vindos! Mandem para gabrielviegasaudio@gmail.com Compartilhem e comentem no post! Gabriel
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